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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Logística Militar : Berço da Logística Empresarial

Logística Militar : Berço da Logística Empresarial
Palavras Chave: Logística, Estratégia, Planejamento, Competitividade e Suprimentos.
INTRODUÇÃO 
            Observando-se as mudanças que vêm ocorrendo no cenário atual, as empresas precisam, cada vez mais, ambientar-se com as transformações decorridas de grandes forças, como avanços tecnológicos e globalização. Essas grandes forças têm criado novos comportamentos e desafios – o que leva as empresas a repensarem suas filosofias e conceitos. 
A exigência por uma gestão competente em uma empresa de serviços não é diferente da indústria. Torna-se necessário, para competir no mercado em igualdade com os melhores concorrentes, uma gestão empresarial que se antecipe a prováveis problemas que a empresa, porventura, possa vir a enfrentar. 
Tal como nas guerras, onde a logística militar precisa dar o suporte adequado para as tropas poderem operar com eficiência e eficácia nos campos de batalha, as empresas necessitam enfrentar os competidores existentes no mercado em que cada organização está inserida – com o mesmo suporte eficiente e eficaz de que as tropas anseiam.
Atualmente, são notórias as oscilações que a economia brasileira apresenta, alternando fases de ampliação e recessão – obrigando as empresas a operarem superando vários problemas associados a aumento de produção e preços elevados. Como que em confrontos diários, os gerentes necessitam traçar estratégias adequadas a cada campo de combate, digo, cada mercado em que a empresa atua. Com isto, os administradores desempenham o papel de verdadeiros generais com suas táticas de guerra contra a concorrência.
JUSTIFICATIVA DA PESQUISA
Este artigo propõe-se não a expor um tema inédito, pois logística tem sido amplamente estudado e divulgado, mas, apresentar um assunto relevante e de grande utilidade prática nas organizações atuais – uma vez que o gerenciamento eficaz do sistema logístico proporciona uma redução de custos e maximização de lucros dentro das organizações.
Mas, por que é necessário estudar-se com afinco a logística? Quais os conceitos de logística herdados dos militares que podem ser úteis aos gerentes de hoje? De que forma o gerenciamento logístico pode influenciar no objetivo das empresas (obtenção de lucro)? Estas questões serão abordadas no decorrer do presente artigo para poder proporcionar ao leitor, uma visão da logística como um diferencial que as empresas podem explorar e tirar vantagens.
Dias (1993, p.11) corrobora esta idéia de que os administradores estão sentindo a necessidade de se ter um conceito claro de logística para poderem obter uma melhor compreensão do “fluxo contínuo dos materiais, as relações tempo-estoque na produção e na distribuição e os aspectos relativos ao fluxo de caixa no controle de materiais”. Este artigo, portanto, irá tratar de assuntos relevantes para os administradores atuais – mostrando os conceitos herdados da logística militar e que são úteis dentro do âmbito empresarial.
HISTÓRICO DA LOGÍSTICA
A logística tem suas origens nas organizações militares. Semanticamente, a palavra tem suas raízes na França – proveniente do verbo “loger” (alojar). Segundo Souza (2002), “a logística originou-se no século XVIII, no reinado de Luiz XIV, onde existia o posto de Marechal – General de Lógis – responsável pelo suprimento e pelo transporte do material bélico nas batalhas”. 
O sistema logístico foi desenvolvido com o intuito de abastecer, transportar e alojar tropas – propiciando que os recursos certos estivessem no local certo e na hora certa. Este sistema operacional permitia que as campanhas militares fossem realizadas e contribuía para a vitória das tropas nos combates.


Gallo (1998) diz que: O primeiro general a utilizar esse termo, foi o general Von Claussen de Frederico da Prússia, e foi desenvolvido mais adiante pela Inteligência Americana – CIA, juntamente com os professores de Harvard, para a Segunda Guerra Mundial. Logo depois, em meados de 1950, a logística, surge como matéria na Universidade de Harvard, nas cadeiras de Engenharia e Administração de Empresas.

A partir do momento em que os militares começaram a perceber o poder estratégico que o sistema logístico possuía, deu-se mais atenção ao serviço de apoio que as equipes prestavam no sentido de deslocamento de munição, víveres, socorro médico nas batalhas etc. Conseqüentemente, despertou-se o interesse em estudos nesta área – que foi evoluindo após os resultados observados na Segunda Guerra Mundial em relação ao sistema logístico utilizados pelos militares.


Nascimento (2001) fala que a educação formal em logística nasceu da necessidade de administrar as diferenças espaciais entre produção e consumo. O economista relata que “em 1901 foi publicado o primeiro texto sobre custos de distribuição de produtos agrícolas, pois, nos USA, as áreas de produção se tornaram mais distantes dos grandes mercados de consumo”. O economista diz, ainda, que: “Em 1960 a Michigan State University, desenvolveu e iniciou os primeiros cursos formais para treinamento de logisticians práticos e acadêmicos”. A partir daí, houve uma união entre acadêmicos e militares para utilizarem os conceitos da logística militar nas atividades do cotidiano.

Segundo o Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro, as primeiras atividades logísticas desenvolvidas pelos militares brasileiros remontam a época imperial. Em 1821, durante a regência de D. Pedro I, foram efetuadas as primeiras incumbências referentes ao rancho da tropa, ao fardamento, ao equipamento, ao material de acampamento, ao arreamento e aos utensílios usados no Exército. 
Nas Forças Armadas do Brasil, a logística é parte integrante do Serviço de Intendência – criado em 1920 com a vinda da Missão Militar Francesa. As atividades logísticas desenvolvidas nas organizações militares do Brasil trabalham, tal qual nas empresas, no sentido de desenvolver um planejamento eficaz e o provimento adequado, nos locais especificados e nas devidas quantidades.


Já no meio empresarial, Martins e Alt (2003, p. 251) relatam que: “No Brasil, a logística apareceu nos anos 1970, por meio de um de seus aspectos: a distribuição física, tanto interna quanto externa[...]”. Ao perceberem que, em um país de dimensões continentais como o Brasil as empresas deveriam ter um gerenciamento logístico eficaz, os empresários atentaram definitivamente para a logística como um elemento que poder gerar vantagem em relação à concorrência.
A HERANÇA MILITAR
Após a Segunda Guerra Mundial, observou-se um grande avanço nas questões ligadas a logística. Mendes (2000, p. 15-16) diz que algumas condições econômicas e tecnológicas contribuíram também para o desenvolvimento da logística, como: “Alterações nos padrões e atitudes da demanda dos consumidores, [...] pressão por custo, [...] avanços na tecnologia de computadores, [...] experiência militar”.
A logística, através do Serviço de Intendência, evoluiu muito dentro das Forças Armadas. Hoje, este setor deixou de ser apenas um serviço de apoio ao combate, mas sim, um elemento de suma importância que pode definir o curso de uma guerra. Em um recente conflito da era Contemporânea, a Guerra do Golfo, pôde-se observar que o papel da logística foi preponderante para a vitória das forças americanas – prevendo e provendo os recursos de maneira eficaz e na hora certa.
O Centro de Comunicação Social do Exército Brasileiro divulga que o Serviço de Intendência, atualmente, é responsável pela distribuição de fardamentos, equipamentos etc., além dos variados tipos de munição e gêneros alimentícios. Dentro das organizações militares, este setor é incumbido de outras missões, como transporte de pessoal e suprimentos; serviço de banho e lavanderia; suprimentos reembolsáveis etc. Além disso, os intendentes prestam o serviço de assessoramento aos comandantes de Unidades Militares na parte de administração financeira, controle interno, contabilidade e informática.
Mendes (2000, p. 15) afirma que: Muitos conceitos logísticos utilizados atualmente são provenientes da logística militar da Segunda Guerra Mundial, infelizmente, somente depois de muito tempo é que esse exemplo militar conseguiu influenciar as atividades logísticas das empresas comerciais.

No cenário atual, diante de dos avanços tecnológicos e da globalização, as empresas também precisam vencer “batalhas” diárias – onde todos os elementos da sociedade estão direta ou indiretamente envolvidos. É necessário, que cada vez mais, os gerentes estejam atualizados nas mudanças constantes (e ás vezes quase instantâneas) que ocorrem no mercado. Para isto, é preciso usar a logística como um diferencial competitivo – delineando objetivos e estratégias na “guerra” da competitividade travada entre as empresas.

Novaes (2003) fala que durante muito tempo nas empresas, tal como no meio militar, as atividades relacionadas à logística eram tidas como um serviço meramente de apoio e que não agregavam valor ao produto. O sistema logístico era visto como um gerador de custos e sem nenhuma influência no planejamento estratégico organizacional. 

Sabe-se que hoje, a elaboração de um sistema logístico deve ser feito de forma cuidadosa – uma vez que a logística influi muito na geração dos negócios de uma organização. Foi recentemente que se atribuiu o grau de relevância adequado que o assunto merecia.
Os autores Martins e Alt (2003, p. 251) expõem que: Até poucos anos atrás, o termo logística continuava associado a transportes, depósitos regionais e atividades ligadas a vendas. [...] Hoje as empresas brasileiras já se deram conta do imenso potencial implícito nas atividades integradas de um sistema logístico [...]
Com o passar do tempo, em função da grande preocupação das empresas com a redução de estoques e com a busca da satisfação plena do cliente, a Logística Empresarial evoluiu muito. Novaes (2003) fala que a Logística passou a agregar valor de lugar, de tempo, de qualidade e de informação à cadeia produtiva. Além disso, a Logística moderna procura eliminar do processo tudo que não tenha valor para o cliente, ou seja, tudo que acarrete somente custos e perda te tempo.
As organizações comerciais e industriais brasileiras começaram a mudar suas visões em relação aos clientes. Anteriormente, as empresas apenas ofereciam seus serviços e produtos e não se preocupavam com a satisfação do cliente.

Souza (2002) diz que: Essa mudança de visão fez com que as empresas procurassem não mais possuir depósitos descentralizados, mas sim centralizados e com maior poder de agilidade na distribuição, provocando uma redução nos estoques, um melhor nível de serviço e uma administração reduzida na loja. A partir desse ponto de vista, o ritmo de mudança acelerou e o gerenciamento da cadeia de suprimento tornou-se importante.
Apesar de as empresas demorarem a perceber o papel da logística como um diferencial competitivo – na logística militar, o diferencial da guerra – a expansão do mercado, a variabilidade de produtos e os diversos meios de telecomunicações fizeram com que as empresas atuais atentassem para um gerenciamento eficaz do processo logístico.
            A partir do momento em que os administradores tomaram consciência do grau de relevância ocupada pelas atividades logísticas nas empresas, os estudos direcionados à logística empresarial passaram a ser mais afincos. Com isto, vários conceitos e definições emergiram.  

Ballou (1993, p.17) mostra uma definição para logística empresarial: A logística empresarial estuda como a administração pode prover melhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivos para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos.
Martins e Alt (2003, p. 252) dizem que “A logística é responsável pelo planejamento, operação e controle de todo fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor [...]”.
Novaes (2003) fala que a Logística moderna procura coligar todos os elementos do processo – prazos, integração de setores da empresa e formação de parcerias com fornecedores e clientes – para satisfazer as necessidades e preferências dos consumidores finais.
CONCLUSÃO
Pode-se observar que a concepção logística dentro das empresas foi evoluindo consideravelmente no que tange a parte de fluxo de produtos e serviços.
A partir do momento em que os gerentes passaram a utilizar os ensinamentos que o militares deixaram – principalmente após a Segunda Guerra Mundial – nas empresas, controlando e coordenando de forma coletiva todas as atividades logísticas, houve um salto muito grande de qualidade na prestação de serviço e no atendimento aos clientes.
Hoje em dia, os administradores deparam-se com inúmeras decisões referentes às atividades logísticas devido ao crescimento do mercado, alargamento das linhas de produtos e dos vários meios de comunicações existentes. Com isto, deve-se analisar severamente todas as variáveis que circundam o sistema logístico, a fim de obter a otimização das operações envolvidas no processo.

O tema logística estará sempre sob objeto de interesse dos empresários. A redução dos custos logísticos aliados ao aumento de produtividade neste setor nunca deixará de ser perseguido pelos gestores. Diante do mercado globalizado em que vivemos e com constantes mudanças, qualquer alteração pode provocar incertezas para o planejamento e operação das atividades logísticas. Isto exigirá habilidade e constante atualização por parte da administração das empresas.julho/2005
Betovem Dias,
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃO
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS I

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